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Foco e profundidade de campo

Há muita confusão entre estes conceitos que apesar de complementares são totalmente distintos.

E para a correta compreensão de ambos os conceitos é mister considerar que fotografias possuem diversos planos diferentes, formados cada qual por um ou mais objetos.

Na foto do primeiro exemplo pode-se dizer que há pelo menos quatro planos: o primeiro com as duas moças caminhando de costas, o segundo com a rua sinuosa, o terceiro com a igreja ao alto e o quarto com a montanha e o céu de fundo.

Isto posto define-se como foco de uma fotografia a sua área de nitidez; assim, se diz que um objeto de uma foto está focado quando este aparece com maior - peço desculpas pelo quase palavrão - diafaneidade que os demais.

Seguindo com a foto do primeiro exemplo, seu foco está no segundo plano pois percebe-se que os objetos à altura da placa de "proibido parar e estacionar" são os mais nítidos de toda a composição.

Já a profundidade de campo é uma variável fotográfica que estabelece a quantidade de planos da fotografia que estão na região de mais foco. A profundidade de campo está associada à abertura do diafragma, à distância dos objetos registrados e ao zoom da lente utilizada.

Assim, ainda na foto do primeiro exemplo pode-se afirmar que se trata de uma imagem com grande profundidade de campo, pois mesmo que o foco principal esteja no segundo plano todos os demais são relativamente bem nítidos.

No segundo exemplo há apenas dois planos bem definidos na imagem: o primeiro com a mamãe Paola e nosso filhote Léo e um segundo como um fundo difuso; o foco está notadamente no primeiro plano e trata-se de uma imagem com pequena profundidade de campo, visto que o segundo plano aparece completamente desfocado.

Muitos fotógrafos alimentam o mito estético de que os objetos principais das fotos devem ser sempre alvo do foco principal; mas os exemplos da terceira e da quarta imagens servem justamente para quebrar este paradigma e portanto mostrar que - tecla que bato sempre - a técnica fotográfica deve estar subordinada à mensagem.

Na terceira foto meus filhos Léo e Clara estão ligeira e intencionalmente fora de foco formando uma imagem etérea, numa clara alusão ao sonho que é ter filhos tão bonitos - pese-se a corujice explícita do fotógrafo. A imagem possui apenas dois planos e pequena profundidade de campo, sendo o segundo bem mais desfocado que o primeiro, por sua importância secundaria na composição.

Na quarta e última foto, de grande profundidade de campo com quase nenhum elemento sem nitidez, o foco foi posicionado mais ao fundo da imagem - próximo aos que riem de forma sarcástica - e não no objeto principal que é obviamente Paola desfilando de lingerie pelas ruas de Beagá; aqui a ideia foi justamente reforçar a mensagem que a mulher não deve ser o alvo das atenções e repreensões machistas por vestir-se como quer e aonde quiser.

E ainda lembro-me que à época deste ensaio fui acusado por alguns fotógrafos de "nem saber focar direito". Seguramente estes usam o foco segundo a cartilha mais conservadora possível, com criatividade limitada e sem - la vem trocadilho - focar no que realmente importa: a mensagem da fotografia...


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